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quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Maria Pano de Chão - Jessier Quirino


Vou dizer como é que eu era
Antes de ser de Maria:
Era um cabra corajoso
Precipitoso e ferino
Desses que só bate o pino
Prá Deus Pai, prá Deus Menino
Pros assuntos do Divino
E pro time de Jesus.

Parente de grau chegado
Do Capitão Virgulino
Resolvedor de pepino
De pontaria aguçada…
Por essa vida aloprada
Vez por outra eu chumbregava
Beijava, cafunezava
Mas não sentia paixão.


Não falava voz de seda
Eu era coisura azeda…
Pensamento de limão.
Mas um dia, meu cumpadre,
Relaxei a prontidão
E num piscar de relâmpo
Que nem um par de tamanco
Tava preso num cordão.

Era o cordão de Maria
Caçula de “seo Bastim”
Se rindo, se aprochegando
E os dentinhos mordiscando
Um pendãozim de capim.
O manhoso da danada
Era chave de prisão.
Com um balde, um rodo e um sabão
E aquela saia azulzinha
Assoalhando a cozinha
Surfando em pano de chão.

Aquilo não é serviço
Aquilo é mais um balé!
Panim de chão bem pisado
E os passinho pinicado
Perguntando: tu me quer?
Eu confesso, meu cumpadre
Que´u que nunca fui pisado
Desejei ser espremido
Aberto e no chão botado
Banhado d´água e sabão
Desejei ser pisunhado
Pelos pezim da bondade
Desejei ser, na verdade,
Aquele panim de chão.

Juro perante o divino
Que, na hora e nesse dia
Bem dizer uma oração
Eu debrulhei prá Maria:

Maria do andar azul
Maria ingrediente dengoso
Maria de saia acambraiada
Maria bordada
Maria aprendida sem pecado
Maria croqui da imaculada perfeição
Maria assassina da tristeza
Maria do colo quente
Maria cantina de suflê
Maria rosê
Maria isenta de partículas de feiúra
Maria doçura
Maria pressagiozinho calmoso
Maria que cutuca meu peito incutucável
Maria amorável
Maria água e sabão
Maria pano de chão
Maria belisca-flor
Maria mãe do frescor
Maria chuva dourada
Maria romanceada
Maria adubo do amor
NÃO FAÇA EU DIZER: AMOR!!
MEU AMOR!!!


Bem, agora vem a parte principal da ideia geral que é essa música do queridíssimo Jessier. Afinal, os brutos, também amam, não é? Principalmente eles...

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Ternura - Vinícius de Morais


Eu te peço perdão por te amar de repente
Embora o meu amor seja uma velha canção nos teus ouvidos
Das horas que passei à sombra dos teus gestos
Bebendo em tua boca o perfume dos sorrisos
Das noites que vivi acalentado
Pela graça indizível dos teus passos eternamente fugindo
Trago a doçura dos que aceitam melancolicamente.
E posso te dizer que o grande afeto que te deixo
Não traz o exaspero das lágrimas nem a fascinação das promessas
Nem as misteriosas palavras dos véus da alma...
É um sossego, uma unção, um transbordamento de carícias
E só te pede que te repouses quieta, muito quieta
E deixes que as mãos cálidas da noite encontrem sem fatalidade o olhar 
                                                                                          [ extático da aurora.

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Sem Título

As vezes eu sinto um aperto no peito
Não sei se outrora sentia, mas se sentia
É porque era fácil discernir entre dor e aperto
Se bem que notado o desespero
Não é necessária a presença do ser
Gentilmente colhido, o algodão 
Mesmo sem querer
Enxuga as águas escorridas
Sendo pálio para todas elas
Menos aquelas que não querem ser colhidas
Há uma necessidade de sustentação
Como se fosse um voo inicial
Há um cúmplice
Para que a vida dê o apito final
Mas o campeonato... ah o campeonato...
Insiste em querer mais
No fim o que resta é o vento nas cadeiras vazias
A conta das escolhas feitas
O cobrador a espreita
E a vida na palma da mão.


Após feito o poema, fiquei na dúvida se postava ou não. Sei que talvez entendam que tem haver com o futebol, mas se notarem bem, todas as paixões são iguais. O que eu quero deixar claro é que a maioria dos poemas por mim feitos são de interpretações individuais, jamais devem ser feitos a fins de interpretação única, porque se não, a individualidade é corrompida e sei que nenhum de nós deseja isso, não é?

Saudade - Fernando Pessoa



"Um dia a maioria de nós irá se separar. Sentiremos saudades de todas as conversas jogadas fora, as descobertas que fizemos, dos sonhos que tivemos, dos tantos risos e momentos que compartilhamos. 
Saudades até dos momentos de lágrima, da angústia, das vésperas de finais de semana, de finais de ano, enfim... do companheirismo vivido.
Sempre pensei que as amizades continuassem para sempre. Hoje não tenho mais tanta certeza disso. Em breve cada um vai pra seu lado, seja pelo destino, ou por algum desentendimento, segue a sua vida, talvez continuemos a nos encontrar quem sabe...
Podemos nos telefonar, conversar algumas bobagens... Aí os dias vão passar, meses... anos... até este contato tornar-se cada vez mais raro.
Vamos nos perder no tempo... Um dia nossos filhos verão aquelas fotografias e perguntarão?
Quem são aquelas pessoas? Diremos... Que eram nossos amigos. E... isso vai doer tanto! Foram meus amigos, foi com eles que vivi os melhores anos de minha vida!
A saudade vai apertar bem dentro do peito. Vai dar uma vontade de ligar, ouvir aquelas vozes novamente... Quando o nosso grupo estiver incompleto.. . nos reuniremos para um ultimo adeus de um amigo. E entre lágrima nos abraçaremos.
Faremos promessas de nos encontrar mais vezes daquele dia em diante. Por fim, cada um vai para o seu lado para continuar a viver a sua vidinha isolada do passado.
E nos perderemos no tempo... Por isso, fica aqui um pedido deste humilde amigo: não deixes que a vida passe em branco, e que pequenas adversidades seja a causa de grandes tempestades. ..
Eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos!"




Gosto muito de Fernando Pessoa, mas só de pensar nisso me dá um aperto no coração... =\

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Sangue Suor e "S"imento - Introdução

A pá

Não sei ao certo a quanto tempo ela faz parte de mim, mas eu sei que comecei muito jovem a ter responsabilidades. Um homem, era o que ele dizia que eu deveria ser, e ao seu ver, aquilo me transformava nisso. Pouco a pouco fui me acostumando com a idéia e assim, ela me serviu de pilastre.

Lembro que quando pequeno reclamava dos calos, mas aos poucos camada por camada, eles não representavam mais nada. A massa é firme com os que nela trabalham, não há misericórdia. Aos poucos o movimento vai fazendo parte da sua vida e manusear  instrumentos se torna cada vez mais mecânico. A areia, o cimento e a água, por tantas vezes os juntei por tantos anos não os compreendi, só fazia o que me era dado por obrigação, afinal eles não se misturavam sozinhos.

A besta

A besta se demonstra em todo o seu esplendor. Não há nada que possa livrar sua alma, nem que finja que a entende. Se necessário fosse, arrancaria seu coração para que não pulsasse longe de sua vontade, na realidade, ela domina tudo. Cabia dentro de um fuxico a última luz de vida dentro dela.  Ela era imóvel, continuava estável até ser destravada por algo inconstante, mesmo que fizesse parte de sua vida. Naquele lugar onde se fazia presente ninguém jamais a destronara, mas não por falta de vontade, é que mesmo sendo de uma maldade inócua, não havia nascido bondade suficiente que lhe corrompesse.
No mundo que a criara, havia rochas, árvores, animais, invernos, verões, embora nunca houvesse primavera. 


Ps.: Coloquei aqui pra ter o motivo para tentar continuar. Achei bem interessante principalmente porque foi uma ideia que me surgiu bem primitiva então quero lapidá-la. Ao amigo Thiago vou imitá-lo escrevendo textos não líricos. Mas a intenção ainda é a mesma, ver o interior daquilo que conhecemos como oco.

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Os trabalhadores

OS TRABALHADORES
Uma língua de fumo, enorme, bandoleante,
Vai lambendo o infinito – espessas e fatigada…
É a fumaça que sai da chaminé bronzeada
E se condensa em nuvens pelo espaço adiante!
Dir-se-ia uma serpente de inflamada fronte
Que assomando ao covil, ameaçadora e turva,
E subindo… e subindo…assim, de curva em curva,
Fosse enrolar a cauda ao dorso do horizonte!
Mas, não! É a chaminé da fábrica do outeiro
- Esse enorme charuto que a amplidão bafora -
Que vai gerando monstros pelo céu afora,
Cobrindo de fumaça aquele bairro inteiro.
Ouve-se da bigorna o eco na oficina,
O soluço da safra e o grito do martelo…
Como tigres travando ameaçador duelo
As máquinas estrugem no porão da usina!
É o antro onde do ferro o rebotalho impuro
Faz-se estrela brilhante à luz de áureo polvilho!
É o ventre do Trabalho onde gera o filho
Que estende a fronte loura aos braços do Futuro!
Um dia,de uma idéia uma semente verte,
Resvala fecundante e,se agregando ao solo,
Levanta-se… floresce… e ei-la a suster no colo
Os frutos que não tinha – enquanto estava inerte!
Foi o germe da Luz,a flor do Pensamento
Multiplicando a ação da força pequenina:
- De um retalho de bronze uma oficina!
- De uma esteira de cal gerou um monumento!
Trabalhar! Que o trabalho é o sacrifício santo,
Estaleiro de amor que as almas purifica!
Onde o pólen fecunda, o pão se multiplica
E em flores se transforma a lágrima do pranto!
Mas não vale o Trabalho andar a passo largo
Quando a estrada é forrada de injustiça e crimes…
Porque em vez de frutos dúlcidos,sublimes,
Gera bagos mortais e de sabor amargo!
Ide ver quanto herói, quanto guindaste humano
Sob a poeira exaustiva e o calor fatigante,
Os músculos de ferro, o porte gigante,
Misturando o suor o seu pão quotidiano.
Sua força é milagre! A redenção bendita!
O seu rígido braço é a enérgica alavanca
O escopro milagroso,a chave que destranca
O Reino do Progresso onde a Grandeza habita!
Sem os pés desse herói a Evolução não anda!
Sem as mães desse bravo uma nação nas cresce!
A indústria não produz! A campo não floresce!
O comércio definha! A exportação debanda!
No entanto,vêde bem! Esses heróis sem nome,
Malditos animais que ainda escraviza o ouro,
Arrastam – que injustiça! – o carro do tesouro,
Atrelados à dor, à enfermidade, e à fome!
Quanto prédio imponente e de valor suntuário
Erguido para o céu, firmado no infinito,
Indiferente à dor, indifrente ao grito
De desgraça que invade a choça do operário!
De dia é no labor! Exposto ao sol e à chuva!
De noite,na infecção de uma choupana escura
Onde breve uma filha há de tornar-se impura
E u’a mulher faminta há de ficar viúva!
Nem mesmo o sono acolhe as pálpebras cansadas!
O leite é a umidez dos fétidos mocambos!
O pão é escasso e duro! As vestes são molambos
E o calçado é paiol das ruas descalçadas!
Ali,a Medicina é estranho um só prodígio!…
Nunca um livro se abrirá em risos de esperança
Para encher de fulgor os olhos da criança,
Apontando-lhe o céu… mostrando-lhe um vestígio!…
Tudo é treva e descrença! O próprio Deus é triste
Ouvindo esse ofegar de corações humanos…
E a Lei – mulher feliz que dorme há tantos anos -
Não acorda pra ver quanta injustiça existe!
Onde está esse amor que os sacerdotes pregam?
Os estão essas leis que o Parlamento imprime?
O Código não pode abrir o seio ao Crime,
Infamando o pudor que os Tribunais segregam!
Vêde bem da fornalha a rubra labareda!…
Olhai das chaminés o fumo que desliza!…
Pois é o sangue… É o suor do pobre que agoniza
Enquanto a lei cochila entre os divãs de seda!
Que é feito desse herói? Ninguém lhe sabe a origem!
O Poder nunca entrou nas palhas do seu teto…
Somente a esposa enferma,o filho analfabeto,
E lá nos cabarés, – a filha… que era virgem!
Existe essa legião de mártires descrentes
Em cada fim de rua,em cada bairro pobre!
É desgraça demais que num país tão nobre
Que teve um Bonifácio e deu um Tiradentes
Será preciso o sangue borbotar na lança?
E o cadáver do povo apodrecer nas ruas?
Tu não vestes, ó Lei, as próprias filhas tuas?
Morre, pois, mãe cruel, debaixo da vingança!
Mas eu vejo que breve há de chegar a hora
Em que a voz do infeliz é livre – na garganta!
Porque sei que esse Deus que nos palácios canta
É o mesmo Deus que pelos bairros chora!
Quanto riso aqui dentro! E lá fora, os brados!
Quantos leitos de seda! E quantos pés descalçados!
Já que os homens não vêem esses decretos falsos,
Rasga, cristo, o teu manto! Abriga os desgraçados!…

Rogaciano Leite
(Poesia que está inserida num marco da Praça Vermelha de Moscou, onde o poeta esteve em 1968)

domingo, 26 de junho de 2011

Sangrando


Quando eu soltar a minha voz
Por favor entenda
Que palavra por palavra
Eis aqui uma pessoa se entregando
Coração na boca
Peito aberto
Vou sangrando
São as lutas dessa nossa vida
Que eu estou cantando
Quando eu abrir minha garganta
Essa força tanta
Tudo que você ouvir
Esteja certa
Que estarei vivendo
Veja o brilho dos meus olhos
E o tremor nas minhas mãos
E o meu corpo tão suado
Transbordando toda a raça e emoção
E se eu chorar
E o sal molhar o meu sorriso
Não se espante, cante
Que o teu canto é a minha força
Pra cantar
Quando eu soltar a minha voz
Por favor, entenda
É apenas o meu jeito de viver
O que é amar

terça-feira, 21 de junho de 2011

Esquadros


Eu ando pelo mundo
Prestando atenção em cores
Que eu não sei o nome
Cores de Almodóvar
Cores de Frida Kahlo
Cores!
Passeio pelo escuro
Eu presto muita atenção
No que meu irmão ouve
E como uma segunda pele
Um calo, uma casca
Uma cápsula protetora
Ai, Eu quero chegar antes
Prá sinalizar
O estar de cada coisa
Filtrar seus graus...
Eu ando pelo mundo
Divertindo gente
Chorando ao telefone
E vendo doer a fome
Nos meninos que têm fome...
Pela janela do quarto
Pela janela do carro
Pela tela, pela janela
Quem é ela? Quem é ela?
Eu vejo tudo enquadrado
Remoto controle...
Eu ando pelo mundo
E os automóveis correm
Para quê?
As crianças correm
Para onde?
Transito entre dois lados
De um lado
Eu gosto de opostos
Exponho o meu modo
Me mostro
Eu canto para quem?
Pela janela do quarto
Pela janela do carro
Pela tela, pela janela
Quem é ela? Quem é ela?
Eu vejo tudo enquadrado
Remoto controle...
Eu ando pelo mundo
E meus amigos, cadê?
Minha alegria, meu cansaço
Meu amor cadê você?
Eu acordei
Não tem ninguém ao lado...
Pela janela do quarto
Pela janela do carro
Pela tela, pela janela
Quem é ela? Quem é ela?
Eu vejo tudo enquadrado
Remoto controle...
Eu ando pelo mundo
E meus amigos, cadê?
Minha alegria, meu cansaço
Meu amor cadê você?
Eu acordei
Não tem ninguém ao lado...
Pela janela do quarto
Pela janela do carro
Pela tela, pela janela
Quem é ela? Quem é ela?
Eu vejo tudo enquadrado
Remoto controle...

Meus cantores favoritos cantando juntos... isso é inexplicável! Principalmente nesse dia de hoje que nada mais importa a não ser o meu futuro. O que o destino me reserva, não sei, o que essa música tem a ver com isso, muito menos.

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Indo embora

Embora seja fácil discernir
Vão-se os dedos ficam-se os aneis...
Ou será o contrário?
Não sei
Eu não vou aqui desobedecer
Nem sei que ordens recebi
Estou aqui sem nada na mão
Nem adeus eu sei sentir
Não sinto
Não ouço
Cordas no pescoço não podem me deter
Nem carvão pode me derreter
Artigos de jornal podem me ocultar
Não sei pra onde nem o lugar
Não tenho porque ir
Não tenho porque ficar
Sim eu posso ouvir
Aquilo que não me faz tremer
Não me tira do vazio
Nem me refaz
Quero acreditar 
Que nem sempre
Serei capaz
Aliás
Nunca fui
Nem sequer retribuí
Viver, mas sem querer
Comer, mas sem prazer
Olhar, sem meditar
Meditando sim
Naquilo que me faz
E não me traz
Ao lugar de onde eu vim
E me leva sempre
Pra onde não devo ir.

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Stairway To Heaven

There's a lady who's sure all that glitters is gold
And she's buying a stairway to heaven
When she gets there she knows if the stores are all closed
With a word she can get what she came for
And she's buying a stairway to heaven
There's a sign on the wall, but she wants to be sure
'Cause you know sometimes words have two meanings
In a tree by the brook there's a songbird who sings
Sometimes all of our thoughts are misgiven
Oh, it makes me wonder
Oh, it makes me wonder
There's a feeling I get when I look to the west
And my spirit is crying for leaving
In my thoughts I have seen rings of smoke through the trees
And the voices of those who stand looking
Oh, it makes me wonder
Oh, really makes me wonder
And it's whispered that soon, if we all call the tune
Then the piper will lead us to reason
And a new day will dawn for those who stand long
And the forests will echo with laughter
If there's a bustle in your hedgerow, don't be alarmed now
It's just a spring clean for the may queen
Yes, there are two paths you can go by, but in the long run
There's still time to change the road you're on
And it makes me wonder
Your head is humming and it won't go
In case you don't know, the piper's calling you to join him
Dear lady, can you hear the wind blow
And did you know your stairway lies on the whispering wind
And as we wind on down the road
Our shadows taller than our soul, there walks a lady we all know
Who shines white light and wants to show
How everything still turns to gold and if you listen very hard
The tune will come to you at last
When all are one and one is all, yeah
To be a rock and not to roll
And she's buying a stairway to heaven

Realmente Led Zeppelin é show!

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Aos que foram e não passaram

Não tenho medo das minhas idéias
Elas que me dão na telha
Pobres e hostis segredos
Puras e delicadas velas
Nobres e caliçadas
Jazem comigo outrora
Não mais incomodaram
Seriam capazes de banalizar
Aquele que me traz
Consigo vindo de longe
Virtuosos vocábulos
Mentirosas terras
Ocultos desejos
Impisáveis arquivos
Medonhos medos
Feios absurdos que rasgam
Minha mente desenfreada
De pensamentos bordada
No fervor das batalhas aquecidas
Na brisa do campo, ouriçadas
No termino da vida, erguidas
Filhas do infortúnio
Tombadas pela dor
Respeitadas pelo verso.

terça-feira, 31 de maio de 2011

Paisagem da janela

Da janela lateral do quarto de dormir
Vejo uma igreja, um sinal de glória
Vejo um muro branco e um vôo pássaro
Vejo uma grade e um velho sinal
Mensageiro natural, de coisas naturais
Quando eu falava dessas cores mórbidas
Quando eu falava desses homens sórdidos
Quando eu falava desse temporal 
Você não escutou
Você não quis acreditar, mas isso é tão normal
Você não quis acreditar e eu apenas era
Cavaleiro marginal lavado em ribeirão
Cavaleiro negro que viveu mistérios
Cavaleiro e senhor de casa e árvores
Sem querer descanso nem dominical
Cavaleiro marginal banhado em ribeirão
Conheci as torres e os cemitérios
Conheci os homens e os seus velórios
Eu olhava da janela lateral
Do quarto de dormir
Você não quis acreditar, mas isso é tão normal
Você não quis acreditar, mas isso é tão normal
Um cavaleiro marginal banhado em ribeirão
Você não quis acreditar que eu apenas era... 
Você não quer acreditar que eu apenas era...

domingo, 8 de maio de 2011

Há tempos


Parece cocaína
Mas é só tristeza
Talvez tua cidade
Muitos temores nascem
Do cansaço e da solidão
Descompasso, desperdício
Herdeiros são agora
Da virtude que perdemos...
Há tempos tive um sonho
Não me lembro, não me lembro...
Tua tristeza é tão exata
E hoje o dia é tão bonito
Já estamos acostumados
A não termos mais nem isso...
Os sonhos vêm e os sonhos vão
E o resto é imperfeito...
Dissestes que se tua voz
Tivesse força igual
À imensa dor que sentes
Teu grito acordaria
Não só a tua casa
Mas a vizinhança inteira...
E há tempos
Nem os santos têm ao certo
A medida da maldade
E há tempos são os jovens
Que adoecem
E há tempos
O encanto está ausente
E há ferrugem nos sorrisos
Só o acaso estende os braços
A quem procura
Abrigo e proteção...
Meu amor!
Disciplina é liberdade
Compaixão é fortaleza
Ter bondade é ter coragem (Ela disse)
Lá em casa tem um poço
Mas a água é muito limpa...

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Águas de Março


É pau, é pedra, é o fim do caminho
É um resto de toco, é um pouco sozinho
É um caco de vidro, é a vida, é o sol
É a noite, é a morte, é o laço, é o anzol
É peroba do campo, é o nó da madeira
Caingá, candeia, é o MatitaPereira
É madeira de vento, tombo da ribanceira
É o mistério profundo, é o queira ou não queira
É o vento ventando, é o fim da ladeira
É a viga, é o vão, festa da cumeeira
É a chuva chovendo, é conversa ribeira
Das águas de março, é o fim da canseira
É o pé, é o chão, é a marcha estradeira
Passarinho na mão, pedra de atiradeira
É uma ave no céu, é uma ave no chão
É um regato, é uma fonte, é um pedaço de pão
É o fundo do poço, é o fim do caminho
No rosto o desgosto, é um pouco sozinho
É um estrepe, é um prego, é uma ponta, é um ponto
É um pingo pingando, é uma conta, é um conto
É um peixe, é um gesto, é uma prata brilhando
É a luz da manhã, é o tijolo chegando
É a lenha, é o dia, é o fim da picada
É a garrafa de cana, o estilhaço na estrada
É o projeto da casa, é o corpo na cama
É o carro enguiçado, é a lama, é a lama
É um passo, é uma ponte, é um sapo, é uma rã
É um resto de mato, na luz da manhã
São as águas de março fechando o verão
É a promessa de vida no teu coração
É uma cobra, é um pau, é João, é José
É um espinho na mão, é um corte no pé
São as águas de março fechando o verão,
É a promessa de vida no teu coração
É pau, é pedra, é o fim do caminho
É um resto de toco, é um pouco sozinho
É um passo, é uma ponte, é um sapo, é uma rã
É um belo horizonte, é uma febre terçã
São as águas de março fechando o verão
É a promessa de vida no teu coração
pau, pedra, fim, caminho
resto, toco, pouco, sozinho
caco, vidro, vida, sol, noite, morte, laço, anzol
São as águas de março fechando o verão
É a promessa de vida no teu coração.

É...

Revelação


Um dia vestido
De saudade viva
Faz ressuscitar
Casas mal vividas
Camas repartidas
Faz se revelar
Quando a gente tenta
De toda maneira
Dele se guardar
Sentimento ilhado
Morto, amordaçado
Volta a incomodar

Essa foi uma facada na alma, muito boa a música!

Menino do Rio


Menino do Rio
Calor que provoca arrepio
Dragão tatuado no braço
Calção corpo aberto no espaço
Coração, de eterno flerte
Adoro ver-te...
Menino vadio
Tensão flutuante do Rio
Eu canto prá Deus
Proteger-te...
O Hawaí, seja aqui
Tudo o que sonhares
Todos os lugares
As ondas dos mares
Pois quando eu te vejo
Eu desejo o teu desejo...
Menino do Rio
Calor que provoca arrepio
Toma esta canção
Como um beijo...
Menino do Rio
Calor que provoca arrepio
Dragão tatuado no braço
Calção corpo aberto no espaço
Coração, de eterno flerte
Adoro ver-te...
Menino vadio
Tensão flutuante do Rio
Eu canto prá Deus
Proteger-te...
O Hawaí, seja aqui
Tudo o que sonhares
Todos os lugares
As ondas dos mares
Pois quando eu te vejo
Eu desejo o teu desejo...

Agora o q eu acho mais estranho nesse clipe é q a música é menino do rio e eles colocam um cara surfando... Hã?

Meu Bem Querer


Meu bem querer
É segredo, é sagrado
Está sacramentado
Em meu coração
Meu bem querer
Tem um quê de pecado
Acariciado pela emoção
Meu bem querer
Meu encanto, estou sofrendo tanto
Amor, e o que é o sofrer
Para mim que estou
Jurado pra morrer de amor
Meu bem querer
É segredo, é sagrado
Está sacramentado
Em meu coração
Meu bem querer
Tem um quê de pecado
Acariciado pela emoção
Meu bem querer
Meu encanto, estou sofrendo tanto
Amor, e o que é o sofrer
Para mim que estou
Jurado pra morrer de amor
Só tem coisa veia hoje... Mas essa vai para os "amigos"... Muahahaha!

Canção da América


Amigo é coisa para se guardar
Debaixo de sete chaves
Dentro do coração
Assim falava a canção que na América ouvi
Mas quem cantava chorou
Ao ver o seu amigo partir
Mas quem ficou, no pensamento voou
Com seu canto que o outro lembrou
E quem voou, no pensamento ficou
Com a lembrança que o outro cantou
Amigo é coisa para se guardar
No lado esquerdo do peito
Mesmo que o tempo e a distância digam "não"
Mesmo esquecendo a canção
O que importa é ouvir
A voz que vem do coração
Pois seja o que vier, venha o que vier
Qualquer dia, amigo, eu volto
A te encontrar
Qualquer dia, amigo, a gente vai se encontrar.
1980, é... Feliz dia do amigo pessoal!

sábado, 9 de abril de 2011

Sertaneja


Sertaneja se eu pudesse
Se Papai do Céu me desse
O espaço pra voar
Eu corria a natureza
Acabava com a tristeza
Só pra não te ver chorar
Na ilusão deste poema
Eu roubava um diadema
Lá no céu pra te ofertar
E onde a fonte rumoreja
Eu erguia tua igreja
Dentro dela o teu altar
Sertaneja
Porque choras quando eu canto ?
Sertaneja
Se este canto é todo teu
Sertaneja
Pra secar os teus olhinhos
Vá ouvir os passarinhos
Que cantam mais do que eu
A tristeza do teu pranto
É mais triste quando eu canto
A canção que te escrevi
E os teus olhos neste instante
Brilham mais que a mais brilhante
Das estrelas que já vi
Sertaneja vou embora
A saudade vem agora
A alegria vem depois
Vou subir por essas serras
Construir lá noutras terras
Um ranchinho pra nós dois 

Lábios que beijei

Lábios que beijei
Mãos que eu afaguei
Numa noite de luar assim
O mar na solidão bramia
E o vento a soluçar pedia
Que fosses sincera para mim
Nada tu ouviste
E logo partiste
Para os braços de outro amor
Eu fiquei chorando
Minha mágoa cantando
Sou a estátua perenal da dor
Passo os dias soluçando com meu pinho
Carpindo a minha dor, sozinho
Sem esperanças de vê-la jamais
Deus, tem compaixão deste infeliz
Por que sofrer assim?
Compadecei-vos dos meus ais
Tua imagem permanece imaculada
Em minha retina cansada
De chorar por teu amor
Lábios que beijei
Mãos que eu afaguei
Volta, dá lenitivo à minha dor


Isso é pura nafitalina! Muito Bom!!!